O mercado global de café tem se movido com força em direção à sustentabilidade. A recente notícia divulgada pela Global Coffee Platform (GCP), em 14 de maio de 2025, reforça esse movimento: três novos esquemas de sustentabilidade foram reconhecidos como equivalentes ao Coffee Sustainability Reference Code (Coffee SR Code), ferramenta que serve como base para avaliar boas práticas econômicas, sociais e ambientais no setor cafeeiro.
Entre os três programas agora reconhecidos, dois são brasileiros: o LEGACY Protocol, desenvolvido pela cooperativa Minasul, e o Sucden Coffee Verified, da Sucden, multinacional com forte atuação no Brasil. O terceiro é o CONNECT, da empresa alemã HACOFCO. Com isso, o número de esquemas reconhecidos pela GCP, seja com garantia de segunda ou terceira parte, chegou a 30. Esse reconhecimento é resultado de um processo rigoroso que avalia critérios como governança, definição de padrões, integridade nas alegações, gestão de dados e garantias de conformidade.
Segundo Gabriel Chavez, novo gerente de compras sustentáveis da GCP, alcançar essa equivalência “não é apenas simbólico – representa trabalho sério, compromisso com boas práticas e alinhamento com uma visão comum para um setor de café mais sustentável”.
O papel das cooperativas brasileiras
O destaque das cooperativas brasileiras é notável dentro dessa lista. Programas como o Gerações, da Cooxupé, o ECO, da Expocacer, e o Café Sustentável, da Coocacer, também já haviam sido reconhecidos anteriormente pela GCP. Essas iniciativas buscam implementar práticas sustentáveis diretamente nas propriedades, ajudando o produtor rural a se adequar às exigências do mercado internacional e, ao mesmo tempo, aumentar a resiliência de seus sistemas produtivos frente às mudanças climáticas e às demandas ambientais.
Além de contribuírem com a sustentabilidade, esses programas têm papel importante na valorização do café brasileiro. A rastreabilidade, o uso racional de insumos, a preservação ambiental e o bem-estar dos trabalhadores são pontos-chave avaliados pelos compradores internacionais. Ao aderirem a essas certificações, os produtores aumentam suas chances de acessar mercados diferenciados e garantir melhores remunerações.
Sustentabilidade como caminho sem volta
Para o produtor de café, essas certificações representam um novo padrão de mercado. Em vez de serem vistas como obrigação, devem ser encaradas como oportunidade. A demanda global por cafés sustentáveis cresce a cada ano, puxada por grandes torrefadoras e varejistas que querem garantir que o produto em sua prateleira respeita o meio ambiente e as pessoas envolvidas na produção.
A Global Coffee Platform tem incentivado essa mudança de mentalidade ao oferecer ferramentas como o Coffee SR Code, o Mecanismo de Equivalência e os Relatórios Coletivos de Compras Sustentáveis. Essas iniciativas ajudam a promover uma linguagem comum para sustentabilidade no café, permitindo que diferentes agentes da cadeia – desde o produtor até o consumidor final – falem a mesma língua quando o assunto é responsabilidade ambiental e social.
Brasil na liderança
Com vários programas de certificação em andamento e reconhecimento internacional crescente, o Brasil segue firme na liderança da produção sustentável de café. O compromisso das cooperativas com a melhoria contínua e a adequação às exigências globais mostra que é possível produzir com responsabilidade e competitividade.
Confira algumas das certificações brasileiras já reconhecidas pela GCP como equivalentes ao Coffee SR Code (2ª parte):
Para o produtor, esse é o momento de estar atento às transformações do mercado e buscar, junto às cooperativas e parceiros, apoio para implementar práticas sustentáveis. O futuro do café brasileiro passa por mais do que produtividade: passa por responsabilidade, transparência e compromisso com o meio ambiente e com as próximas gerações.
Fonte: Revista Cafeeicultura