Exportações de café do Brasil cresceram quase 50% em fevereiro
Os embarques de café do Brasil somaram 3,626 milhões de sacas de 60 quilos em fevereiro de 2024, alta de 48,9% na comparação com os 2,435 milhões de sacas negociadas no mesmo mês do ano passado. Em receita cambial, o incremento foi de 47,2% em idêntico intervalo comparativo, com os ingressos saltando de US$ 514,3 milhões para os atuais US$ 757,3 milhões. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (11/3), em boletim do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Com a performance de fevereiro, as exportações no acumulado dos oito primeiros meses da safra 2023/24 chegam a 30,689 milhões de sacas, gerando um rendimento de US$ 6,069 bilhões. Esses números representam avanços de 24,3% em volume e de 6,1% em receita.
Já no primeiro bimestre de 2024, as remessas de todos os tipos de café do Brasil ao exterior cresceram 44,9%, somando 7,654 milhões de sacas. O rendimento desse volume exportado foi de US$ 1,574 bilhão, situando-se 39,3% acima do aferido nos dois primeiros meses de 2023.
A entidade ressalta o incremento das vendas externas mesmo com alguns entraves logísticos.
Dados do Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital, em parceria com o Cecafé, mostra que o índice de atrasos de navios com café no Porto de Santos (SP) ficou em 75% em fevereiro, envolvendo um total de 75 porta-contêineres, sendo que o maior prazo de alteração de escalas foi de 22 dias.
Apesar de uma ligeira melhora na comparação com janeiro deste ano, o Cecafé diz que o índice segue acima de 75% — patamar observado nas épocas de picos de safras de café, açúcar e algodão, no segundo semestre de 2023 — em um mês (fevereiro) no qual o volume exportado de açúcar não foi elevado, mas que ainda teve um montante significativo de algodão embarcado.
Outro ponto destacado no documento é o curto período de abertura de gates para a recepção das cargas. No mês passado, apenas 13% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de portão aberto por navios. Outros 66% possuíram entre três e quatro dias e 21% tiveram menos de dois dias de período de gate aberto.
“Também precisamos destacar que, em fevereiro, 23 navios não tiveram sequer uma abertura de portão, fazendo com que os exportadores ficassem sem alternativas e acabassem tendo que arcar com o custo não previsto de pré-stacking, onerando ainda mais seus procedimentos”, aponta, em nota, o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Apesar dos gargalos apontados pela entidade, o Porto de Santos segue como o principal exportador dos cafés do Brasil, com o embarque de 5,558 milhões de sacas no primeiro bimestre, o que representa 72,6% do total.
Na sequência, aparecem o complexo marítimo do Rio de Janeiro, que responde por 24,4% das exportações, com o envio de 1,869 milhão de sacas ao exterior, e o Porto de Paranaguá (PR), com o embarque de 103.486 sacas e representatividade de 1,4%.
Destinos
No primeiro bimestre de 2024, os Estados Unidos lideraram o ranking dos principais destinos dos cafés do Brasil, importando 1,368 milhão de sacas, com alta de 37,2% se comparado com os dois primeiros meses de 2023 e equivale a 17,9% das exportações totais.
A Alemanha, com representatividade de 16,2%, adquiriu 1,241 milhão de sacas (+57,5%) e ocupou o segundo lugar na tabela. Na sequência, vem Bélgica, com a compra de 692.281 sacas (+118,5%); Itália, com 485.627 sacas (+21,7%); e Japão, com 464.133 sacas (+87,2%).
O sexto lugar no ranking fica com a China, já consolidada como um dos principais parceiros dos cafés do Brasil. Em janeiro e fevereiro, o país importou 256.931 sacas, ampliando em 158,5% o volume que adquiriu no primeiro bimestre de 2023.
Fechando a lista dos dez principais destinos aparecem Holanda (Países Baixos), com 239.648 sacas (+43,3%); México, com 225.081 sacas (+722,2%); Reino Unido, com 188.297 sacas (+37,6%); e Turquia, com 184.131 sacas (+28%).
Variedades
As exportações de café conilon do Brasil seguem aquecidas, e em fevereiro, alcançaram mais uma marca histórica. Segundo relatório o Cecafé, o país embarcou 570,6 mil sacas do produto no último mês. O volume superou as 87,5 mil sacas negociadas em igual período do ano passado.
“Tivemos o melhor fevereiro na história para as exportações de conilon e robusta, o que também gerou o recorde nos embarques de canéforas no primeiro bimestre”, ressalta o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Segundo ele, o desempenho reflete a atratividade desses cafés brasileiros no mercado internacional, cenário que se observa desde o ano passado. “O conilon e o robusta do Brasil estão com preços mais competitivos que os concorrentes e temos disponibilidade do produto, que vêm ocupando os espaços deixados pelas quebras de safra de Vietnã e Indonésia, primeiro e terceiro maiores produtores mundiais da variedade”, explica.
Em relação aos embarques de café arábica, os envios somaram 2,805 milhões de sacas em fevereiro, versus 2,056 milhões no mesmo intervalo de 2023.
Sobre as vendas externas de café solúvel, o Brasil despachou 246,983 mil sacas, abaixo das 287,968 do ano passado.
Conflitos
A respeito dos conflitos geopolíticos que impactam o tráfego de navios no Mar Vermelho, o dirigente do Cecafé comenta que as exportações brasileiras de café ainda não sofreram interferência de fato e que a entidade segue monitorando o cenário junto aos associados.
“Por enquanto, não recebemos notificações de impacto nos embarques de nossos cafés, tanto que o desempenho é positivo no bimestre. Contudo, o cenário global é muito preocupante e precisamos seguir atentos, pois o preço dos fretes vem subindo, assim como os congestionamentos e atrasos de navios nos portos”, pondera.
Fonte: Globo Rural (Por: Paulo Santos)
