O Brasil fechou o mês de novembro com 4,3 milhões de sacas de 60 kg de café exportadas, um aumento de 15,4% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando os embarques foram de 3,7 milhões, segundo o boletim mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No entanto, a receita cambial teve queda de 10,2% em igual intervalo comparativo, descendo para US$ 810,4 milhões.
Já ao longo dos 11 primeiros meses de 2023, o Brasil exportou cerca de 35 milhões de sacas de café, volume que fica 3,2% abaixo dos 36,1 milhões registrados no acumulado entre janeiro e novembro de 2022.
A receita do período registrou decréscimo de 15,3% no intervalo de referência, com os ingressos saindo de US$ 8,5 bilhões para os atuais US$ 7,2 bilhões.
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, avalia, em nota, que o desempenho dos embarques nos cenários mensal, anual e da safra, ainda que inferiores em alguns comparativos, é positivo no geral.
“Exportadores brasileiros vêm, ao longo dos últimos anos, desdobrando-se para honrar compromissos, rearranjando fluxos de caixa e gargalos logísticos que perduram desde antes da pandemia, como, mais recentemente, os atrasos para embarcar o produto”, detalha.
De janeiro ao fim de novembro de 2023, o café arábica permanece como o mais exportado pelo Brasil, com 27,5 milhões de sacas, o equivalente a 78,6% do total. A variedade canéfora (conilon + robusta) chegou a um total de 4,1 milhões de sacas embarcadas no período, respondendo por 11,8%.
“Em novembro, seguimos observando o significativo desempenho das remessas dos cafés canéforas (robusta e conilon) ao exterior, que, com 856 mil sacas, subiram 678% em relação a idêntico período do ano passado”, disse o presidente da entidade.
O segmento do solúvel fechou os 11 meses com 3,3 milhões de sacas (9,5%) e o produto torrado e torrado e moído, com 45.987 sacas (0,1%).
Atrasos no Porto
Em novembro, de acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé, foram registradas alterações em 81% das escalas de navios no Porto de Santos (SP), o que se traduziu em maiores atrasos em 2023.
O boletim também aponta que, em outubro, apenas 17% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios. Outros 52% possuíram entre três e quatro dias e 30% tiveram menos de dois dias.
No que se refere à aquecida demanda pelos cafés canéforas nacionais, Ferreira explica que o incremento significativo se dá pelo contínuo avanço na produção de conilon e robusta no país, devido a ganhos de produtividade, novos plantios e melhoria contínua da qualidade.
“Os preços remuneradores no mercado interno e no mercado externo têm viabilizado esse esforço por parte dos produtores e toda a cadeia está atenta ao aumento da demanda, seja por dificuldades climáticas em outros países produtores, como Indonésia e Vietnã, ou pelo incremento de robusta e conilon nos blends no cenário do consumo mundial”, enfatiza.
Contudo, não se pode descartar os efeitos do El Niño nos últimos 45 dias, as regiões produtoras de robusta no Brasil, principalmente norte do Espírito Santo e sul da Bahia.
“Neste fim de semana, houve alívio com o retorno de alguma chuva, que precisamos que continue para que possamos manter, ou até mesmo aumentar, esses volumes. Em se estabilizando a questão climática, as perspectivas são positivas, pois o Brasil segue competitivo em relação aos seus principais concorrentes”, salienta.
Nos 11 primeiros meses de 2023, os Estados Unidos permanecem como o principal destino dos cafés do Brasil, apesar da queda de 25,7% em relação às aquisições de janeiro a novembro de 2022. Os norte-americanos importaram, até o mês passado, 5,4 milhões de sacas, ou 15,6% dos embarques totais.
A Alemanha, com representatividade de 12,6%, adquiriu 4,4 milhões de sacas, cerca de 30% a menos do que o ano passado. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 2,8 milhões de sacas, recuo de 9%.
Destaque, mais uma vez, para o Japão, que aumentou em quase 22% a compra de sacas de café brasileiro, chegando a 2,07 milhões de sacas no acumulado do ano.
A China segue com o melhor crescimento percentual entre os dez principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil até novembro de 2023. O país importou 1,1 milhão de sacas no acumulado deste ano, elevando em 221% as importações em comparação a igual período de 2022, ocupando o 8º lugar no ranking.
Quando a análise se volta às importações dos cafés nacionais realizadas por outras nações cafeeiras, houve um aumento da compra do segundo maior produtor do mundo, o Vietnã, que saltou 503,4% de aquisição do grão brasileiro. México e Indonésia também compraram mais 463% e 135,6%, respectivamente.
“Nos casos de Vietnã e Indonésia, a justificativa se dá em função de quebras de safra e a necessidade do conilon e do robusta brasileiros para suprir”, atenta Ferreira.
Por: Globo Rural