Com o encarecimento do frete marítimo para transportar o café conilon asiático para a Europa, diante dos ataques do Mar Vermelho, os preços desse grão subiram em Londres durante quase todo o mês de janeiro. Os mesmos motivos também refletiram altas pontuais do arábica, em Nova York, seguidas de algumas quedas, como analisou a consultoria Itaú BBA, nesta quarta-feira (31/01).
De acordo com o levantamento feito pelos analistas do banco, os preços do conilon se fortaleceram desde o início de janeiro, com os contratos com vencimento para março em Londres avançaram 13,5% na média de janeiro, se comparado com os números de dezembro de 2023.
As vendas lentas do Vietnã, em meses de outubro até agora que indicam alta de fluxo, também influenciaram na volatilidade dos preços, o que beneficiou indiretamente o Brasil, que passa a ser visto como fornecedor-chave do conilon.
“Pegando carona neste cenário, com forte apetite comprador pelo robusta brasileiro, os preços do conilon avançaram 7,2% no primeiro mês do ano, negociados acima dos R$ 820 a saca de 60 kg nos últimos dias”, indicou o relatório do Itaú.
Na contramão, os preços do arábica em Nova York, na média de janeiro, caíram 3,9%, embora tenham se sustentado no Brasil próximo dos R$ 990 a saca de 60 kg. “Neste caso, há que se considerar a melhora da condição para as lavouras no Brasil, diante das chuvas frequentes nas regiões produtoras”, mostrou a análise da consultoria.
O cenário é de mercado apertado dos robustas e de ágio do arábica para o conilon em apenas 24%, metade do que foi em janeiro de 2023 (48%). Os fundos não comerciais vem ampliando sua posição líquida comprada em contratos futuros, detendo 46 mil papéis em 23 de janeiro, a maior posição desde março de 2022, o que deixa o mercado mais sensível a ajustes em caso de uma mudança de percepção, disse o Itaú BBA.
Do ponto de vista das relações de troca entre café e fertilizantes, o momento é bem interessante para o produtor, sobretudo para os nitrogenados, que estão abaixo das mínimas histórias dos últimos cinco anos.
No caso da safra brasileira de 2024/25, a consultoria projeta que o momento é oportuno para o produtor fixar o preço em parte da produção e preservar as margens, fugindo da volatilidade que pode continuar nos próximos meses até a colheita dos grãos no Brasil. “O clima tem se mostrado mais favorável desde o final do ano passado, mas o mercado segue direcionado pelos entraves globais do robusta”, disse o Itaú BBA.
Fonte: Globo Rural (Por Isadora Camargo)