“A origem do café é única, exclusiva”. A sentença, curta e impactante, proferida pela gerente de agronegócios do Sebrae Minas, Priscilla Lins, ilustra o tema da Semana Internacional do Café – SIC deste ano e reforça a importância do território e seu saber-fazer no desenvolvimento dos cafés especiais.
Origens produtoras, resiliência às mudanças climáticas, rastreabilidade e gestão são alguns dos temas do momento no mundo dos grãos de qualidade. Assim, cientistas, produtores, torrefadores, traders, educadores e representantes de organizações de apoio à cafeicultura passaram o dia discutindo estes e outros assuntos a um público interessado (estima-se que 20 mil pessoas visitem o evento este ano), que não parava de chegar ao ExpoMinas, em Belo Horizonte, para o primeiro dia da SIC, que está em sua 11ª edição.
Mas ficou difícil acompanhar, neste primeiro dia do evento, pois foram muitas as falas que trataram desses grandes temas. Um dos primeiros convidados ouvidos foi Marcos Jank, professor-sênior de agronegócio do INSPER, de São Paulo.
Em sua exposição sobre “Futuros e tendências do agronegócio: as oportunidades para o café”, que ofereceu uma visão global do agronegócio nas últimas décadas e nos principais países do mundo, Jank deixou claro que, em termos de café especial, o Brasil deve concentrar sua atenção na Ásia como mercado consumidor.
“A China é o futuro do café”, sentenciou Jank, lembrando que, em parte expressiva do continente asiático, como o leste e o sudeste, a população e a renda estão aumentando.
Outra frase marcante de Priscilla Lins, que foi uma das palestrantes de “Origens produtoras e o novo cenário mundial”, painel que se seguiu à fala de Jank e contou com o colombiano Luiz Samper (diretor da consultoria em sustentabilidade4.Brands), foi: “Sustentabilidade já é uma realidade, não apenas uma conversa de ambientalistas”.
E, como é intrínseco a esse conceito, as dimensões não só ambientais, mas também sociais e econômicas da cafeicultura tiveram falas que reverberaram auditório afora e se reforçavam-se umas às outras.
Em “Resiliência à mudança climática & prosperidade do produtor: o novo plano estratégico da plataforma rumo a 2030”, o diretor da Plataforma Brasil, braço da Plataforma Global do Café (GCP), Pedro Ronca, cravou: daqui a sete anos, o objetivo da GCP é manter e a ampliar a renda e o bem-estar de 95 mil cafeicultores de diversas regiões do país.
Ronca fechou o primeiro dia do evento explicando a nova estratégia da plataforma, que objetiva desenvolver a sustentabilidade e prosperidade dos pequenos produtores do café a partir de uma ação coletiva, cujo fundo criado para sua estruturação soma 1,5 milhão de dólares.
O agrônomo, também produtor de café, detalhou o projeto ao lado de seus parceiros, representados por Natalia Carr, assessora técnica do Conselho Nacional do Café (CNC), Raquel Miranda, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, e Silvia Pizzol, gestora de sustentabilidade do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Na concepção da GCP, renda e bem-estar do pequeno e médio produtor de café significam “ter uma boa qualidade de vida”.
E a chave para isso chama-se agricultura regenerativa que, entre tantas atitudes a serem tomadas, destaca a rotatividade de culturas. E, sobretudo, parcerias e união. “A maior ameaça para garantir renda e bem-estar talvez sejam as questões climáticas”, alerta Ronca. “E, para o protagonismo continuar, é necessária a unidade do setor, para alcançar mais produtores e ir mais longe”, reflete Silvia Pizzol.
Fonte: SIC