Sem previsão de chuva para áreas cafeeiras, lavouras devem enfrentar uma longa estiagem em todas as regiões produtoras
Os modelos de previsões climáticas no Brasil seguem confirmando o temor que já existe entre os cafeicultores: a ausência das chuvas. A maioria das regiões cafeeiras está há mais de 100 dias sem qualquer volume de precipitação. Com a colheita chegando ao fim e a expectativa da florada principal se aproximando, o clima entre os produtores é de tensão e alerta.
O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, destaca que não há previsões de precipitações nas áreas de café em Minas Gerais, Espírito Santo, Rondônia e São Paulo. “A previsão de retorno das chuvas é somente para a última semana de setembro e, mesmo assim, de forma irregular e com volumes muito baixos, que não devem ultrapassar 50 mm.”
A florada é um momento crucial e delicado para a planta do café, pois é exatamente nessa etapa que se configura a safra, com a fecundação dos botões florais. A falta de água durante esse desenvolvimento pode fazer com que eles sequem, prejudicando o pegamento dos grãos.
“Se eles ficarem muito tempo nessa fase, expostos ao sol, ao calor e com baixo abastecimento de umidade, esses botões queimam. Eles não completam os seus órgãos reprodutivos e não se transformam em frutos”, explica o engenheiro agrônomo José Jorge.
Além do estresse hídrico sofrido pela maioria dos cafeeiros no Brasil, as altas temperaturas agravam ainda mais essa situação. Na região da Mogiana Paulista, dados da Fundação Procafé apontam para um déficit hídrico de 250 mm.
José ressalta que até mesmo as lavouras irrigadas estão sofrendo nesse contexto. No entanto, as áreas de sequeiro devem ser ainda mais prejudicadas. “Já temos casos de lavouras de sequeiro, principalmente as mais novas, que não vão produzir nada, pois nem conseguiram passar pela primeira fase, que é a formação dos botões. As plantas estão secas. Então, este é um ano para observarmos com muito cuidado as primeiras previsões. Precisamos avaliar as condições de cada dia.”
Para completar o cenário de severa estiagem, as previsões apontam que setembro chegará com temperaturas elevadas. “A tendência é que setembro e outubro continuem com temperaturas acima da média, porque não há previsões de frentes frias”, explica Marco Antonio.
O retorno das chuvas deve ocorrer em novembro, quando, com regularidade, elas impulsionarão uma queda nas temperaturas médias, que ficarão abaixo do normal para o verão. As previsões também indicam a possibilidade do fenômeno La Niña a partir de outubro, novembro e dezembro, mantendo, assim, a neutralidade ao longo de setembro.
Fonte: Play no Agro