As vendas antecipadas da safra de café 2024/25 do Brasil alcançaram 11% do potencial produtivo, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (14/3) pela Safras & Mercado. De acordo com a consultoria, o percentual de vendas está bem abaixo do ideal para o período, que deveria ser de 25%. Na mesma época do ano passado, as vendas atingiam 11%.
No caso do arábica, as vendas alcançam 14% da safra, contra 30% em média para o período. Já no conilon as vendas somam 6% da produção, contra 15% em média.
“Essa média está inflada em função do forte posicionamento antecipado da indústria doméstica no ano de 2022, diante do receio de falta de produto. Neste ano, o preço muito elevado do conilon afugenta o comprador doméstico e viabiliza o aumento do arábica no blend”, diz, em nota, o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach.
Segundo ele, as vendas da safra 2024/25 estão mais travadas, com produtores mantendo a estratégia de vender café disponível e segurar as posições com safra futura. “Percebe-se alguma movimentação com insumos, com produtor aproveitando a boa relação de troca. Mas, em linha gerais, o interesse segue baixo. A pequena diferença entre o preço no disponível e a indicação para fixação antecipada na safra nova acaba tirando desejo na negociação com a safra 2024”, avalia.
De acordo com o consultor, também há grande resistência do produtor em relação às vendas futuras devido à memória recente de entregas a preços abaixo dos praticados no mercado na entrada da safra, por conta da geada no Brasil em 2021.
A projeção de La Niña no início do segundo semestre deste ano torna o inverno no Brasil mais perigoso se comparado ao ano passado, o que também faz o produtor segurar um pouco as vendas da safra nova, observa Barabach.
“Mesmo correndo o risco de forte pressão negativa sobre os preços diante do avanço da oferta de café da safra 2024, que promete ser maior que a safra anterior. O interesse do vendedor tende a crescer ao longo de março, abril e maio, com os primeiros lotes de cafés novos aparecendo no mercado e frente à necessidade de caixa de alguns produtores para cobrir as despesas com a colheita”, finaliza.
Fonte: Globo Rural (Por: Paulo Santos)